quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Algodão e sarja são mais eficazes na confecção de máscaras caseiras

É sempre melhor usar ao menos algum equipamento de proteção individual do que não utilizar nada e ficar exposto aos riscos de contaminação de doenças, em especial do coronavírus. Entretanto, as pesquisas científicas que desenvolvemos na universidade pública nos mostram quais os materiais mais eficazes materiais para a confecção de máscaras caseiras, um item que está se tornando obrigatório em nossa rotina, seja pelos decretos municipais e estaduais, seja pela nossa própria consciência.

Nós, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), constatamos que dois tipos de tecido são os mais recomendáveis para, de fato, prevenir contra a transmissão do coronavírus, e de outros vírus também: são eles o algodão 100% e a sarja. Outros tecidos não previnem tanto, por conta da forma com que são produzidos. Entretanto, repetimos: é melhor usar algum desses do que ficar sem nenhum! São eles tricoline, TNT (tecido não tecido), malha PV e tecidos multiuso para limpeza.

Máscaras de algodão ou sarja são as mais eficazes (Foto: Pixabay/Divulgação)

Esses resultados foram possíveis a partir da Microscopia Eletrônica de Varredura, uma técnica que nos possibilitou observar a abertura entre os filamentos do tecido. Estávamos pesquisando materiais para máscaras para o centro cirúrgico. Mas, quando surgiu a pandemia, incluímos esse tipo de análise em nossa pesquisa. Ao final, constatamos que, de fato, o algodão 100% e a sarja são os mais recomendados para a confecção de máscaras.

O algodão 100% (gramatura 140-240g/m2) tem barreira microbiana com camada de fios grossos e entrelaçados de forma homogênea. Assim, a distância entre os filamentos reduz o contato entre as gotículas expelidas pelo indivíduo para o meio externo, ocorrendo, de fato, a proteção. Já a sarja leve (gramatura de 190g/m2) é fechada, com microfilamentos de fibras finos, muito próximos uns dos outros e com uma alta qualidade de fiação. Consequentemente, há uma boa retenção das gotículas expelidas, o que segura o vírus. Dessa forma, ambas as máscaras são as mais recomendadas para uso diário.

Os outros tecidos apresentaram maiores aberturas, o que facilita a passagem do vírus: tricoline (gramatura de 109g/m2), TNT, malha PV (gramatura de 165g/m2) e panos multiuso de limpeza. Da mesma forma, ressaltamos o que já sabíamos: as máscaras não devem ter costuras, preferencialmente devem ser em tecido duplo e ajustadas com o mínimo de espaço possível nas laterais. São de uso individual e devem ser trocadas sempre que estiverem sujas ou úmidas.

Para a higienização das máscaras, o recomendado é utilizar uma solução com água sanitária (em 1 litro de água, colocar duas colheres de sopa de água sanitária), deixando-a de molho por, pelo menos, 30 minutos. Depois, lavar com água e sabão. São observações importantes que nos ajudam a minimizar os riscos e a contaminação por vírus.

Autores:
Mestre Helenize Ferreira Lima Leachi e Mestre Aryane Apolinario Bieniek, ambas doutorandas de pós em Enfermagem na UEL; Profª. Drª. Renata Perfeito Ribeiro, docente do programa de pós em Enfermagem da UEL; Profº. Dr. Admilton Gonçalves de Oliveira Junior, coordenador do Laboratório de Microscopia Eletrônica e Microanálise da UEL; Prof. Dr. Tiago Severo Peixe, coordenador do Laboratório de Toxicologia do HU.